terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A conta de subtração de Deus



'A emoção intensa que um garoto tem quando pensa em aprender a pilotar um avião não sobrevive quando ele se junta à Força Aérea, onde realmente vai aprender o que é voar. A palpitação de conhecer um lugar novo se esvai quando se passa a morar lá. Acaso estou querendo dizer que não devemos aprender a voar ou não devemos morar num lugar aprazível? De jeito nenhum. Em ambos os casos, se você perseverar, o arrepio da novidade, quando morre, é compensado por um interesse mais sereno e duradouro. Além disso (e mal consigo lhe dizer o quanto isso é importante), são exatamente as pessoas dispostas a sofrer a perda do frêmito inicial e acatar esse interesse mais sóbrio que têm maior probabilidade de encontrar novas emoções em campos diferentes. O homem que aprendeu a voar se tornou um bom piloto subitamente descobre a música; o homem que se estabeleceu num local idílico descobre a jardinagem. Segundo me parece, essa é uma pequena parte do que Cristo quis dizer quando afirmou que nada pode viver realmente sem antes morrer. Simplesmente não vale a pena tentar manter viva uma sensação forte e fugaz: é a pior coisa que podemos fazer. Deixe o frisson ir embora - deixe-o morrer. Se você passar por esse período de morte e penetrar na felicidade mais discreta que o segue, passará a viver num mundo que a todo tempo lhe dará novas emoções. Mas, se fizer das emoções fortes a sua dieta diária e tentar prolongá-las artificialmente, elas vão se torná-las cada vez mais fracas, raras, até você virar um velho entediado e desiludido para o resto da vida. E por serem tão poucas as pessoas que entendem isso que encontramos tantos homens e mulheres de meia idade lamentando a juventude perdida, na idade mesma em que os novos horizontes deveriam descortinar-se e novas portas deveriam abrir-se. É muito mais divertido aprender a nadar que tentar resgatar incessantemente (e inultimente) a sensação da primeira vez que chapinhamos na água quando garotos." C.S. Lewis - Cristianismo puro e simples

Por mais importante que seja a castidade (ou a coragem, ou a veracidade, ou qualquer outra virtude), esse processo de treinamento dos hábitos da alma é ainda mais valioso. Ele cura nossas ilusões a respeito de nós mesmos e nos ensina a confiar em Deus. Aprendemos, por um lado, que não podemos confiar em nós mesmos nem em nossos melhores momentos; e por outro, que não devemos nos desesperar nem mesmo nos piores, pois nossos fracassos são perdoados. A única atitude fatal é se dar por satisfeito com qualquer coisa senão a perfeição." C.S. Lewis - Cristianismo puro e simples

"O filósofo dinamarquês Sören Klerkegaard disse que um santo é aquele que quer uma só coisa. Ele estava falando do tipo de pessoa que sabe exatamente qual é o sentido da sua vida. Você tem a força da vida. Você tem estas energias dadas por Deus. E se não estão enfocadas e disciplinadas de formas realmente específicas, se estas energias não estão concentradas num alvo, nós perdemos o rumo. Elas ficam difusas e dissipadas, e se espalham tanto que não são tão fortes quanto poderiam ser. Mas quando você quer uma só coisa ou algumas coisas importantes, você está enfocando as suas energias. Eu ouvi alguém dizer que estava se afogando em coisas boas. Sabe, o oposto de melhor nem sempre é o pior. As vezes o oposto do melhor é o bom. É quando nos ocupamos tanto fazendo coisas boas que não sobra energia pra fazer uma só coisa: Uma coisa excelente." - Rob Bell

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Nada no evangélico é movido a 'religião'. Nem dogma. Nem regra. Assim como um professor não obriga um aluno a assistir aula, mas pode o alertar de que é melhor para ele permanecer na sala. Até porque, haja regra se fosse assim! Como 'regrar' um namoro? 'Regrar' uma saída, uma mesa de bar ou - o pior - uma língua! É tudo uma escolha: algumas vezes por dia nos deparamos naquela clássica cena de filme com 02 caminhos, e você escolhe um. Talvez um deles tenha mais farpas do que o outro. Talvez incomode muito, a ponto de gerar arrependimento. Talvez incomode só um pouco, vai saber. O certo é que nem as mães que estão no mundo obrigam os filhos a nada, imagine Deus, que está mais longe ainda. As "regras cristãs" muito debatidas - e confrontadas, e criticadas - são um doce manual para uma vida plena. Arrisco dizer - digo arrisco, pois sem quem me lê aqui no blog - que é um manual para felicidade. Felicidade que não é terrena, por isso, incompreendida. Se a felicidade comum não é palpável nem mensurável, a do espírito então, nem se fala. 

Já está provado que não é dinheiro, nem saúde, nem família, aliás, nem a junção desses três fatores é capaz de completar um homem. E olha que passamos a vida correndo atrás disso achando que ser a estrada para a segurança emocional. Portanto, concluo que enquanto estamos querendo expandir, agregar, Deus quer fazer uma conta de subtração, quer zoom gigante no que de fato importa. E tudo o que tiver em segundo plano é mandado embora, fazer o quê. O sexo sem contexto - e os namoros em vão, os 'chove, não molha' e toda a forma de acreditar que esse ato é somente físico; a fofoca - e a falta do que falar, falta do que cuidar, o querer abraçar o mundo e esquecer do próprio umbigo; o álcool - e toda a forma de fazer a manutenção do stress, dos problemas, sem que sejam confrontados, resolvidos - E por aí vai. Não é a castidade, nem a abstinência que dá felicidade, não. Também não é fórmula mágica, muito menos um ato social. Mas o espaço que fica quando são retiradas essas 'coisinhas básicas', ocupados pela companhia do Pai, é algo que não cabe em palavras. Você se hospeda no mundo, mas vive com a mente no céu. Eu não sei o que é bom pra você, mas o melhor pra mim - com toda a eficiência da palavra - foi seguir o passo-a-passo desse Cara. É certeiro e traz muito conforto.

4 comentários:

  1. No universo dos sistemas rígidos do pensamento religioso, textos como os seus são raros, Yasmin. Você tem meio específico de divulgação do conteúdo? Usa as redes sociais para informar que postou no Blog?

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  2. Concordo com o Nando....textos que desenquadram e libertam são oásis.

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  3. Eu procurei até então não divulgar porque isso pra mim é um ministério (um serviço pro reino), e fico muito feliz que ele esteja atingido o propósito ao qual foi feito: desmistificar a questão cristã.

    Uma vez na semana, a nossa família se reúne (eu, minha mãe, o marido dela, Anna Paula, Duan e Daniel) em uma célula. A Bíblia fala que nós somos a igreja: nos alimentamos na igreja, mas SOMOS a igreja. E a definição de igreja é 'Corpo de Cristo'. E o corpo é feito de células. A ideia do blog foi ser uma extensão desse encontro, aliás, vou começar a postar alguns dos textos que são estudados lá, aqui. São sempre em cima de um versículo-tema.

    Legal é que vocês são família, é como se a gente tivesse dentro de casa conversando, mas tô disposta a divulgar sim, porque, afinal, a causa cristã é sempre com o propósito de extensão.

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    1. O aprendizado não tem limites, qto mais vc acha que sabe mais descobre que não.

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